15h de 9/4/12 por Fredh Hoss
Cuidar de cada cerimonial com sua devida pompa e circustância. E se a circunstância for um cerimonial de
velório? Antes do sepultamento é um costume necessário também para se dar acolhimento aos que sofrerão a perda de modo mais contundente. As horas de necessidade assim como chamo, vão além do acompanhamento do féretro. As religiões do mundo tem dado este acolhimento nos últimos séculos. Período em que a sociedade se dividiu, bem mais que na atualidade, em disputas até violentas para defesa de credo e religião, fé e ritualismo. Portanto a família estando sob o estado da mesma graça religiosa, recebe seu ministrante religioso para dirigir esta cerimônia. Seus atos são pré-estabelecidos pela eclésia e seus fundamentos seguidos pelo colégio de ministros e encarregados.
“Não mais neste século, neste tempo, sob as mesmas ordens”. O desenho mundial da sociedade nunca antes esteve sob tamanha profusão religiosa. Experimentos cerimoniais sob a proteção do
ecumenismo mesmo entre igrejas cristãs, como usurpam seu significado religiosos tendenciosos já mostraram sua mácula. De acordo com o dicionário Priberam da Língua Portuguesa
ecumenismo s. m.Tendência para a união de todas as igrejas cristãs numa só.
Então as religiões que não professam o cristianismo sofrerão. Não são mais em número desprezível. Ainda fere ver igrejas defenderem esta ordenação ecumenica desde que o rito a ser pregado satisfaça unilateramente o lado mais politizado. Aqui apenas defendo a unidade pela perspectiva social. Comunhão regida pelo discurso não religioso, apolitico e livre da influência que permea a subjugação. Uma cerimônia pela verdadeira comunhão em sua participação comum, por sua uniformidade em idéias, opiniões, sentimentos, primaz em acordo e harmonia. Na morte encontramos comunhão.
Enfrentando
o LUTO
Muito já se estuda a respeito das
nossas reações diante da perda. Sendo uma pessoa próxima, parente ou não nos
afeta. O grau de familiaridade com a pessoa, a admiração ou mesmo veneração, fazem
com que essa perda seja pessoal e ainda mais dolorosa. Em algumas situações a
perda equivale à queda do mito do super-herói ou heroína, imortalidade perdida.
É muito difícil aceitar o fim da
vida, único verdadeiro e mais precioso bem que possuímos. Sim, a vida daqueles
que tanto amamos é um pouco a nossa própria vida. Espelhamos-nos em nosso
semelhante e especialmente naqueles que admiramos com devoção. Poderíamos até
medir o quanto o próximo nos é importante, ainda mais quando é familiarizado,
aparentado, consanguíneo, cônjuge, eles estão sempre em nossos pensamentos, são
exemplos e vivem fazendo-nos companhia, validando nossa visão e pensamento
sobre a própria vida.
Como enfrentar então o falecimento dessa
pessoa tão importante? E quando quem faleceu é ainda mais importante para
alguém muito próximo a nós? Como deveremos agir? Ficamos ainda mais confusos, quando
assumimos a obrigação de repartir com a pessoa sua dor. Surge um sentimento de
culpa por não sentirmos a mesma dor. O que fazer?
Entendermos como processamos esse
momento ajudará no desenvolvimento da paciência com os sentimentos que o luto
revela. Para cada passagem há mudanças também fisiológicas, hormonais,
psicológicas e físicas. Sobre estas estruturas de mudanças não aprofundarei
aqui sobre suas premissas, mas é fundamental saber que elas existem. Vamos às
estruturas que chamo aqui de reativas. Estas reações se desencadeiam do
primeiro momento noticioso e desenvolvem-se com maior ímpeto entre o 5º e 14º
dia após o féretro sepultado.
1)
Negação
ou sentimento de irrealidade
Neste
primeiro momento é comum observarmos nossa necessidade de constatação do fato
de nossa perda. E essa necessidade é a mesma que outros, os mais próximos ao
falecido(a) sentem. Ouve-se o questionamento; Você viu o que aconteceu? Dá pra
acreditar? Estivemos juntos há tão pouco tempo. Não dá pra acreditar? Como pode
ter acontecido isso?
2)
Choque
Agora
já com o fato aceito e constatada a realidade, logo após algumas primeiras
decisões de providências terem pesado sobre o fato, o choque. Ouve-se uma
profusão de sentimentos; Como foi acontecer isso comigo? Porque você se foi?
Como posso viver agora? Não aceito, porque você foi me deixar? Nesse estágio é
possível que alguém chame pelo falecido(a), converse e brigue com ele(a), e também
brigue com quem tenta consolar. No choque é onde a verdade parece uma
catástrofe irreal, mas de fato ocorrida. No momento pode-se ver esta explosão
ou acontecer de forma direta uma passagem silenciosa do enlutado(a) tendendo
este ir à paralisação.
3)
Paralisação
Há
uma preocupação inerente a esse estágio, a saúde do enlutado(a). Os comentários
sobre o(a) falecido(a) à pessoa enlutada parecem não serem ouvidos. Padece-se
de um torpor, não se quer comer, beber, descansar, tomar banho, apenas busca-se
ficar quieto. Há um desligar parcial que impede o sentido de continuidade. Esse
estágio se prolongado prova-se mais forte que a vontade de viver, portanto merece
atenção, vigília, cuidados e respeito. Durante esse período pode haver um
despertar de traumas passados ou indistintas associações antagônicas à própria
realidade.
Com cuidado e empatia deve-se tentar entender o que se passa com
cada um, é muito particular caso a caso quem e como se poderá ajudar o(a)
enlutado(a).
4)
Reação
de esquiva
Evitar
o assunto não evita a dor. Tendo ultrapassado o estágio do torpor ou o mesmo
não tendo ocorrido, em geral apresentaremos uma reação de esquiva. Esquivar-se
de falar sobre a realidade da perda desprotege o emocional já fragilizado do
enlutado(a). Repete-se a mesma necessidade de com cuidado e empatia tentar entender
o que se passa com cada um, é muito particular caso a caso quem e como se
poderá ajudar o
(a) enlutado(a). À escolha se dará
por afinidade, confiança, intimidade. O enfrentamento da realidade deve
acontecer e a esquiva deixará de ser atrativa a quem sente a dor do luto, pois
encontrará porto seguro naquele(a), que souber pacientemente cultivar caminho seguro
ao coração do(a) enlutado(a). Em geral diz-se que a pessoa precisa desabafar,
por para fora o que está sentindo.
5)
Aumento
do sentimento de religiosidade pós-situação de doença e morte
Uma
realidade comum e até incentivada por religiosos. Aqui apenas a prudência de
não impingir uma nova crença ou nova fé à pessoa enlutada já será de grande
auxílio para saber como agir. É bom evitar grandes pregações mesmo que o
ambiente tenha equanimidade de religiosidade, evite exaurir as forças e a
paciência das pessoas ali reunidas. Nunca permita que pessoas despreparadas se
apresentem em ato de fé, discursos ou qualquer representação. Qualquer gafe
será ainda maior e poderá aumentar à dor o constrangimento. Faça apenas o que
for de sua crença e fé, se era costume missas e cultos continuem, se grupos de orações
e novenas continuem, aceite uma maior frequência, mas não incentive aceite ou
permita. Influências agora que está suscetível podem se revelar oportunistas. Nada
lhe impede que mude sua crença e seu costume se houver atração para fazê-lo,
sugiro que apenas espere mais algumas semanas para realizá-las. Se algo der
errado, sua fé estará abalada, então seja cauteloso(a).
6)
Revolta
com a religião
Imagine
ouvidos irônicos a qualquer palavra de esperança? Explicações misteriosas
oriundas de um Deus invisível trariam o morto à vida? Esse é o clima interno
que a pessoa em sofrimento vive ao se revoltar com a religião, ironizando tudo
e apresentando sua dor por meio da revolta. Em geral é imputado àquele(a) que
sofre e se encontra em revolta com a sua religiosidade culpa de pecado. Esse
julgamento gerará ainda mais e maior revolta. Sugiro que assuntos sobre
validade religiosa não sejam discutidos. Se o(a) enlutado(a) quer desabafar
essa revolta ouça com paciência, mesmo que não concorde não a refute, tente
compreender o momento em que a pessoa se encontra. Principalmente imagine-se no
seu lugar, você diante de tamanha perda veria com bons olhos a “esperança”?
7)
Culpa
relacionada à capacidade de cuidar
Convivendo
com a pessoa. Durante o passar do tempo e dos dias que seguirão à morte, os
mais próximos terão surtos de lembranças e estas por sina, serão lembranças
detalhadas, de momentos de convivência com a pessoa que se foi. Virão à tona
assuntos pendentes interpessoais, de foro íntimo, saúde, trabalho, segurança
financeira e ainda outros. Todos estes assuntos criando a questão do será que fiz
ou foi feito o máximo ou todo o possível ou ao alcance para ajudar, cuidar,
ouvir, entender a pessoa que agora jaz morta. “A culpa é minha”. Um flagelo
pessoal para que talvez se dê uma resposta à altura da dor. O que fazer? Sugiro
que com paciência ouça essa lamentação e conforme a pessoa em sofrimento
permitir lhe faça perguntas sobre suas próprias palavras. Tenha cuidado e
bondade, a palavra no tom e na medida certa lhe caberá bem.
8)
Rigidez
para aceitar mudanças pós-morte
É
comum alguém ter de assumir tarefas, obrigações, responsabilidades pessoais
após a perda de uma pessoa próxima. Tão comum quanto uma viúva ter que cuidar
sozinha das fianças ou tomará agora todas as decisões da família e estará
sozinha para fazê-lo. Sendo no caso obrigações tuas que a pessoa lhe fazia ou
obrigações dela que agora ficaram em suas mãos, não há meio de fugir desse
enfrentamento. Quanto maior a resistência maior o prejuízo. Lembre-se que não
tomar nenhuma decisão já é uma grande decisão tomada. Se não souber ou não
quiser fazer; se não consegue aprender ou não há como conciliar à sua vida mais
essa tarefa, ache alguém que faça, contrate uma empresa ou um profissional que
resolva, não adie. E se a rigidez às mudanças for de não abrir mão do quarto,
das roupas, objetos pessoais, hábitos que partilhavam? Lembre-se a dor não é o
problema, dor é um sintoma da perda. Todos estes desdobramentos após a perda
são reações à dor. Se não houvesse a dor como encararia a perda, o fato? Aquela
pessoa não estará mais presente, manter uma realidade inadequada à realidade
poderá apenas fazer com que a dor se perpetue. A boa lembrança de como a pessoa
era em suas atitudes, seus sentimentos, suas opiniões e doutrinas, seu bom e
mau humor é mais importante que qualquer manutenção de mundo onde ela não estará
mais presente. A vida mudará com a ausência da pessoa faça-as de maneira
gentil, elas podem levar um tempo, mas deverão ocorrer, vá se desapegando aos
poucos. A rigidez, teimosia e até a certa arrogância sobre como encarar os dias
sem a pessoa que morreu poderá tornar a vida uma via dolorosa além do
necessário, do real.
9)
Aparecimento
de doenças depois da morte
Descobertas
ou causadas. Esta é a pior das pinturas sobre a vida após perdermos um ente
querido.
Durante
um tempo tive um comércio de alimentos e das muitas famílias que se serviam de
nossos produtos muitos eram os clientes que vinham até nosso balcão. Dona Maria
de Lurdes era uma senhora já dos seus cinquenta e seis anos que ainda
trabalhava lavando e arrumando pra fora. Morava em uma das casas mais humildes
do bairro, somente ela na companhia de um filho de 30 anos. Esse o Zito, já
estava entregue à bebida ao longo de muitos anos. Veio a falecer em uma crise
aguda de cirrose. A mãe só fez chorar e chorava aos gritos no dia em que
enterrou seu filho. Nos dias que se seguiram após a morte não houve um dia que
não a visse em meu balcão. Dona Maria de Lurdes ainda chora, todos os dias,
todas as horas do dia. No terceiro dia senti ao cumprimenta-la um odor etílico.
Perguntei como estava e ela respondeu que o que sentia era vontade de ir com
seu filho. Ali me pareceu muito mais sincera que quando aos gritos no cemitério
tomou gosto pela ideia. Os dias seguintes foram da mesma atitude com uma
intensidade que só aumentou. Tentei lhe ouvir, lhe falar e nada dissuadia a ideia
de se encontrar com o filho. A vida sozinha não a interessava. No décimo sexto
dia ela não apareceu, não foi buscar a mistura da janta que nem lhe cobrava
mais na intenção que presenteada pelo menos se alimentasse. Com vinte dias da
perda de seu filho Dona Maria de Lurdes foi encontrada morta em sua cama. O
féretro foi acompanhado da capela do cemitério da Saudade por poucos parentes e
alguns amigos. Dona Maria de Lurdes se matou de tristeza na alegria da
esperança de rever seu filho o único que lhe foi companhia fiel até a morte.
Sou testemunha disso.
Sobre o autor.
O
Celebrante de Casamentos Sociais pioneiro no Brasil. Celebrações
pessoais onde a personalidade do casal é repeitada e a personificação do
discurso exalta a mensagem que o casal de noivos inspira.
– Socio fundador da empresa HV7 Cerimonial que atua na área de Produção de Eventos. Agência consagrada
pelo casting de profissionais da Voz, MC, Locutores, Atores, formados por profissionais experimentados e aprovados.
CELEBRANTES SOCIAIS DE CASAMENTO. COM OU SEM EFEITO CIVIL
– Fredh Hoss é notório por atender a noivos que querem uma cerimônia como manda o figurino, mas com a personalidade dos dois.
Celebrante de casamentos há mais de 10 anos, com oratória objetiva mas sem perder o romantismo atende um amplo espectro confessional.
Saiba mais!! www.hv7cerimonial.com.br
Proibida cópia mesmo parcial sem prévia autorização. Direito autoral preservado.
Para falar com o autor escreva para fredh@hv7cerimonial.com.br
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